Quando o assunto é hipnose, a imagem que vem à mente da maior parte das
pessoas é a de um mágico – ou a figura de algum sujeito com pinta de
charlatão – balançando um relógio na frente de uma “vítima”, que, em um
estado alterado da consciência, revela coisas que não contaria se as
perguntas fossem feitas de outro modo. Nada mais antiquado ou
preconceituoso do que tal quadro. Hoje, a técnica serve para aliviar
dores do corpo, da mente e da alma. A hipnose passou por grandes
transformações desde a sua popularização por Jean-Martin Charcot e
Sigmund Freud, no final do século 19 e início do século 20. A hipnose
moderna é muito diferente da hipnose de palco, que atua numa relação de
poder entre médico e paciente, e não envolve pêndulos nem uma atmosfera
de mistério.
A imagem mística mudou com o trabalho desenvolvido pelo psiquiatra
norte-americano Milton Erickson, no final da década de 1950. Erickson
passou a associar a hipnose às psicoterapias de forma bastante diferente
da utilizada até então e criou uma forma inovadora de abordagem, por
intermédio de seminários didáticos. “A hipnose moderna, também chamada
de ericksoniana, é uma ferramenta principalmente linguística, uma forma
ampliada de comunicação. Um médico pode usar linguagem hipnótica para
conquistar um resultado mais eficaz com um paciente. Mas a hipnose
também é utilizada por outros profissionais em diferentes contextos,
como advogados, professores ou vendedores”, comenta Alexandre
Bortoletto, instrutor da Sociedade Brasileira de Programação
Neurolinguística (SBPNL). “Infelizmente, ainda há muito preconceito
porque as pessoas associam hipnose a uma espécie de show de mágica em
que a plateia é induzida a fazer o que não quer, como comer uma cebola
achando que é uma maçã ou cacarejar como uma galinha e, em seguida, não
se lembrar de nada disso”, diz o especialista.
Existem pessoas que são muito mais propensas a entrar no estado
hipnótico do que outras. “Eticamente, é triste ver a hipnose ser tratada
como uma diversão, porque neste estado a pessoa fica muito vulnerável
ao que é dito a ela e isso pode deixar uma marca no inconsciente que não
necessariamente é positiva ou adequada, mas passa despercebida neste
contexto. Acho que mais do que preconceito, existe falta de
conhecimento”, ressalta Luciane Lopes Gerodetti, psicóloga com
especialização em hipnose pelo Instituto Milton Erickson, de São Paulo, e
em Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR), um tipo de
psicoterapia para tratamento de estresse pós-traumático, pelo EMDR
Institute, dos Estados Unidos.
Transe hipnótico
O transe hipnótico nada mais é que um estado alterado de consciência.
Entramos em transe várias vezes por dia. Sabe quando dirigimos até
determinado local e, ao chegar lá, não lembramos que caminho fizemos? Ou
quando estamos ouvindo música, o CD acaba e só percebemos o silêncio
vários minutos depois? Se você está lendo essa entrevista e não percebe
os ruídos à sua volta, está em transe nesse momento.
As indicações e atuações são amplas. Felizmente, a comunidade médica
vem fazendo uso e indicando para as diferentes questões físicas. Para
amenizar dores de forma geral, por exemplo. Antes, claro, deve-se ter um
diagnóstico médico para saber sua causa. A partir disso, a dor pode ser
minimizada ou eliminada com a hipnose. “Para pacientes com câncer, há
minimização de efeitos colaterais da quimioterapia. Doenças autoimunes,
como vitiligo, psoríase e artrite, e somatizações, como gastrite nervosa
e síndrome do cólon irritável, também obtêm bons resultados”, garante o
psicólogo clínico e especialista em hipnose Odair José Comin, diretor
da Delphos Clínica de Psicologia e Hipnose, de São Paulo.
Luiz Carlos Crozera, psicoterapeuta e diretor do Instituto Brasileiro
de Hipnologia e da Sociedade Iberoamericana de Hipnose Condicionativa,
ambos em Jaú (SP), diz que estudos indicam que 90% das doenças surgem
primeiro na mente. “Se a mente cria, a mente cura. E a única forma de
chegar até os registros mentais é por meio da hipnose”, afirma.
Para Leonard F. Verea, fundador da Sociedade Brasileira de Hipnose
Clínica e Dinâmica e diretor do Instituto Verea, de São Paulo, a hipnose
funciona como uma espécie de "atalho" para a resolução dos mais
diversos males, sobretudo as dores crônicas e as doenças que podem ter
fundo emocional - obesidade, anorexia, bulimia, enxaqueca, fobias
diversas e insônia. “Além disso, auxilia pessoas com dificuldades de
aprendizagem, indivíduos que sofrem de distúrbios sexuais, obesos e
dependentes de drogas e álcool”, enumera.“
A hipnose é usada também com sucesso em maternidades europeias e
americanas para ajudar no relaxamento durante o parto. A
secretária-executiva Débora*, de 31 anos, de São Paulo, buscou o método
como coadjuvante para um tratamento antiobesidade. “Com a hipnose, pude
perceber que extrapolava nos doces quando me sentia tensa e ansiosa ou
encerrava alguma tarefa chata ou estafante”, conta. “A técnica foi
fundamental para que o meu tratamento fosse bem sucedido.”
Emoções
A hipnose trata também:
-
1Fobias (inclusive a social)
-
2Mania de roer as unhas e de chupar o dedo
-
3Timidez e medo de falar em público
-
4 Estresse pós-traumático e ansiedade
-
5 Distúrbios do sono, gagueira, enxaqueca e impotência
De acordo com o psicólogo João Batista de Oliveira Filho, diretor do
Instituto de Psicologia Crescer, do Rio de Janeiro, diversas doenças
podem ter sua cura intensificada pela hipnose se ela for utilizada junto
com o tratamento médico e psicológico. “Isso acontece porque os
sintomas são minimizados”, afirma ele, que está escrevendo uma tese de
mestrado sobre hipnose e emagrecimento. A hipnose também vem sendo usada
por dentistas para diminuir a ansiedade e aumentar a sedação. “Sempre
que preciso trabalhar uma crença em nível mais profundo e com menos
resistência do paciente, lanço mão da hipnose”, conta a psicóloga
Luciane Lopes Gerodetti. “A hipnose permite que o sujeito fique mais
receptivo a novas percepções sobre algo em sua vida, o que permite que
ele reprocesse algumas questões pessoais com mais facilidade e rapidez,
de maneira mais sadia e positiva. Também é uma técnica útil para buscar
memórias que podem explicar e ajudar a resolver problemas atuais”,
afirma.
É por isso que até emoções como inveja, ciúme e raiva podem ser
trabalhadas por meio do método. “A hipnose moderna promove um
alinhamento, um equilíbrio entre o consciente e o inconsciente, ou seja,
aquilo que pensamos (e sabemos que pensamos) e o que acontece quando
estamos ‘no automático’. Algumas emoções, como raiva, medo e ciúme, já
estão tão condicionadas em nosso comportamento que, quando percebemos,
já estamos imersos nelas: tomamos uma atitude sem pensar se ela é a mais
adequada à ocasião. Com a hipnose é possível atingir o equilíbrio
emocional tomando consciência dessas emoções para, assim, ter controle
sobre elas e escolher usá-las quando for realmente necessário”, explica
Alexandre Bortoletto. “Com a hipnose é possível modificar a forma de
pensar e, na medida em que isso acontece, mudará também o sentimento
atrelado a esse pensamento. Durante o transe, damos sugestões, munindo o
paciente com novos conteúdos, para que ele possa se autoconhecer,
ressignificar e se conduzir para uma forma saudável de pensar e sentir”,
completa o psicólogo Odair José Comin.
Estresse
O maior mal da civilização moderna – o estresse – também pode ser
transformado. Há o estresse positivo, aquele que motiva, que nos faz
proativos; e o ruim, patológico, que faz mal. Por meio da hipnose, é
possível equilibrar os dois tipos. No tratamento com hipnoterapia, é
importante a conscientização do ambiente que rodeia o paciente,
identificando quais são os fatores estressantes. O trabalho pode iniciar
com um relaxamento, pois normalmente existem tensão e ansiedade
envolvidas, e por isso relaxar é imprescindível. A partir daí, começa-se
um tratamento mais efetivo de mudança de hábitos, mudança de resposta
aos diferentes estímulos externos e internos. Há a percepção da
possibilidade de uma melhor qualidade de vida, pois o método traz para o
dia a dia do paciente um equilíbrio entre vida pessoal e profissional,
entre atividade e inatividade, trabalho e descanso.
E desde que a pessoa esteja disposta a mudar, a hipnose pode ajudar a
curar transtornos obsessivos compulsivos (TOCs) e tabagismo. “As
obsessões são pensamentos ou imagens que aparecem de forma repetida e
persistentemente. Causam dor e sofrimento intenso, pois o indivíduo não
consegue ter controle. A compulsão vem do ato, ou seja, na medida em que
se tem um pensamento repetitivo de que as mãos estão sujas (obsessão),
lava-se várias vezes ao dia (compulsão)”, explica Odair. Com a hipnose, é
possível ressignificar aprendizagens passadas, mudando a forma de
pensar, e descobrir em que momento teve início e por que aconteceu.
“Fazemos o paciente perceber que já não existe mais a necessidade da
compulsão, e que ele pode ter o controle de seus pensamentos, além de
ensiná-lo aprendizagens no presente que possibilitarão a mudança, com
liberdade de pensamento e ação no futuro.
Já o cigarro causa dependência tanto física quanto psíquica, por isso o
tratamento deve levar em conta esses dois aspectos, além de descobrir
as razões de a pessoa fumar e, da mesma forma, o que a motiva a parar.
“Já havia tentado parar de fumar cinco vezes, até que li em uma revista
sobre o uso da hipnose para essa finalidade. Não é que deu certo? É
claro que tive força de vontade, mas com a hipnose notei que usava o
cigarro como uma muleta social, para me sentir desinibida. Recomendo”,
atesta a professora carioca Cláudia Pereira, de 33 anos.
Fonte: http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2010/07/28/hipnose-e-usada-para-tratar-de-doencas-a-problemas-emocionais.htm
Danilo, gostaria de marcar uma consulta contigo. Tem algum número que possa disponobilizar?
ResponderExcluirVocê oferece tratamento psicoterapêutico?
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