Amada pelo grande público as novelas são uma
espécie de espelhos da vida real que hora ou outra trazem à tona
assuntos, polêmicos ou não, que na maioria das vezes passariam
completamente despercebidos pela massa
em geral. Assuntos sociais, econômicos, culturais e medicinais são
diariamente interpretados por grandes mestres da dramaturgia, como a
hipnose clínica, por exemplo, que entrou em pauta na ultima semana no
folhetim do horário nobre, “Amor à Vida”. A novela, que tem como cenário
principal um hospital escolheu a hipnoterapia como tratamento
alternativo no processo de recuperação de memória do personagem Atílio
(Luis Melo), que após acidente provocado por Felix (Mateus Solano) teve
parte de suas lembranças esquecidas. Na cena, Renan (Álamo Facó) destaca
a hipnoterapia como o método mais rápido eficaz para o combate da
amnésia.
A opção do psicólogo fictício é justificada na vida real pela
psicóloga Miriam Farias, que classifica o quadro de Atílio como um tipo
de estresse pós-traumático, sendo a hipnose clínica realmente o
tratamento mais adequado e rápido. “O estresse pós-traumático ocorre
quando a pessoa passa por alguma situação traumática em que coloque em
risco ou perigo a sua própria vida, quando vivencia alguma cena real, ou
mesmo um relato de uma situação traumática com a presença de muito medo
ou pavor”, explica Miriam, ressaltando que a perda de memória acontece
nesses casos por conta de uma evitação, por parte do individuo, do fato
ocorrido. “Isso se dá porque ele sente como se estivesse experimentando a
situação outra vez. Ocorrem flashes com a presença de pensamentos
invasivos e lembranças persistentes, muitos sonhos e até pesadelos
levando o paciente a reviver a experiência traumática”, complementa.
Miriam explica ainda, que embora já aceita e muito utilizada, mitos
ainda cercam essa prática. Um forte exemplo é o pensamento popular de
que estar hipnotizado significa estar inconsciente. Na verdade, o transe
hipnótico é caracterizado por uma dissociação consciente/inconsciente,
onde a consciência está presente para participar no processo de cura.
“Quando a pessoa está hipnotizada ela não perde a sua capacidade de
raciocinar. Pelo contrário. Ela consegue resolver problemas complexos,
fazer improvisos e ainda manter uma capacidade crítica sobre o que lhe
está sendo sugerido”, conta a psicóloga, que faz questão de tranquilizar
seus pacientes: “Não há nada a temer, porque a hipnose é um processo
completamente seguro quando é usada profissionalmente. O relaxamento que
você vai experimentar será agradável e regenerador”.
A Hipnose clinica é uma pratica milenar, e segundo análise publicada
na revista American Health Magazine, a recuperação acontece em 93% dos
casos, num período de um mês e meio. Enquanto a psicanálise resolve 38%
dos casos em cerca de 11 anos e a terapia comportamental 72%, em
aproximadamente seis meses. Na medicina ela irá auxiliar os tratamentos
de psiquiatria, anestesia e cirurgia, doenças psicossomáticas,
ginecologia e obstetrícia, controle de sangramento, tratamento de
queimaduras, dermatologia, pediatria (enurese noturna, pesadelos,
timidez e inadaptação), controle da dor, controle de vícios. Já na
psicologia seu uso abrange males mais comuns, como: tabagismo, emagrecimento,
fobias, depressão, ansiedade, problemas sexuais, alcoolismo, problemas
de fala, terapia de regressão de idade, dores crônicas, autoestima e
fortalecimento do ego e melhoras na concentração ou memória.
O FLUMINENSE
fonte: http://www.ofluminense.com.br/editorias/cultura-e-lazer/plantao/personagens-globais-usam-hipnose-como-estimulo-de-memoria