A
plasticidade do cérebro e outras possibilidades por meio da hipnose
moderna trazem um novo caminho para o psicólogo e outros profissionais
da saúde, com resultados comprovados e eficazes
Por Alexandre Bortoletto
A hipnose é definida como um estado alterado de consciência
ampliada, em que o sujeito permanece acordado todo o tempo,
experimentando sensações, sentimentos, talvez tendo imagens, regressões,
anestesia, analgesias e outros fenômenos enquanto está nesse estado.
Assim, poucas palavras têm o poder de despertar reações tão hipnóticas
quanto o próprio termo hipnose. A prática moderna da hipnose se estende
atualmente por diversas áreas, como a Medicina, a Odontologia e a
Psicologia. Podemos afirmar que a sua utilização se encontra presente em
toda história da humanidade. Os acontecimentos chamados hipnóticos
fazem parte da vida dos seres humanos continuamente. Todos os dias e a
cada instante estamos embutidos nesse chamado “estado alterado de
consciência”.
Algumas pessoas a consideram um embuste ou algo que só serve
para fazer com que alguém tenha ações específicas: agir como animais ou
provar alimentos picantes. Há quem acredite que cura todos os tipos de
patologias e há aqueles que a acham tão perigosa que deveria ser
completamente abandonada.
Alguns acreditam que a hipnose cura todos os tipos de
patologias e há quem ache que só serve para fazer com que certas pessoas
tenham ações específicas, como provar alimentos picantes |
O Dr. Milton Erickson estudou profundamente a hipnose e seus
fenômenos durante toda sua vida, demonstrando-a como um fenômeno natural
da mente humana, bem como sua existência e efeitos no cotidiano. Uma
das suas contribuições para a Psicologia foi o conceito de utilização da
realidade individual do paciente, a terapia naturalista, as diferentes
formas de comunicação indireta, a técnica de confusão e de entremear.
Dessa forma, o legado do Dr. Erickson contribuiu para diversas escolas e
campos de conhecimento que tratam da relação entre cognição,
comportamento e atividade do sistema nervoso em condições normais ou
patológicas, como o caso da própria neuropsicologia, que tem caráter
multidisciplinar e apoio na Anatomia, Fisiologia, Neurologia,
Psicologia, Psiquiatria e Etologia, entre outras ciências. Assim, a
questão que fica: seria possível promover a reabilitação
neuropsicológica pelo princípio da plasticidade cerebral através das
ferramentas de hipnose?
A prática moderna da hipnose se estende atualmente por diversas áreas, como a Medicina, a Odontologia e a Psicologia
A melhor resposta pode ser descrita pelo próprio Milton
Erickson, ele mesmo acometido pela poliomielite e suas consequências que
o acompanharam durante a vida. Dr. Erickson, em muitos de seus artigos,
livros e seminários didáticos, relatava que usava o próprio transe
hipnótico como uma forma de manter um estado adequado, sem dor e,
consequentemente, viver melhor. Dessa forma, percebemos a auto-hipnose
como uma ferramenta importante nessa intervenção cerebral.
Nos programas de reabilitação com hipnose, é comum a
utilização de diferentes técnicas com cada tipo de paciente, como
atendimento individual e em grupo, e até orientação e replanejamento
vocacional |
Pesquisas recentes
As pesquisas atuais estão avançando no sentido de aprofundar os
conhecimentos sobre os mecanismos de recuperação funcional, bem como
sobre os fatores relacionados às variações interindividuais. Novas
abordagens quanto aos dados empíricos permitem delinear uma nova visão
do sistema nervoso como um órgão dinâmico, constituindo uma unidade
funcional com o corpo e o ambiente.
Atualmente, quando se fala em reabilitação neuropsicológica,
devemos pensar que existem técnicas de reabilitação que podem atuar em
níveis diferentes, como o treino cognitivo que trabalha a restauração da
função, as estratégias compensatórias (internas ou externas), que atuam
no nível da atividade, e participação social, com o intuito de tornar o
indivíduo mais participativo. Além disso, é comum nos programas de
reabilitação a utilização de diferentes técnicas com cada tipo de
paciente, como atendimento individual e em grupo, psicoterapia para
ampliação da percepção e aceitação dos déficits, orientação e
replanejamento vocacional. O profissional em reabilitação tem de buscar
algo que vá ao encontro das necessidades de cada paciente e o contexto
biopsicossocial no qual está inserido.
Partindo do pressuposto de que existem diversas técnicas de
reabilitação, o interessante é realizar uma discussão sobre o uso da
hipnose enquanto ferramenta em reabilitação neuropsicológica,
especificamente atuando em neuroplasticidade.
A plasticidade cerebral pode ser definida como uma mudança adaptativa
na estrutura e função do sistema nervoso que ocorre em qualquer fase do
desenvolvimento, como funções de interação com o meio ambiente interno e
externo, ou ainda como resultante de lesões que afetam o ambiente
neuronal. Além disso, a plasticidade cerebral constitui-se de um
processo dinâmico, em que se relacionam as estruturas e suas funções,
proporcionando respostas adaptativas que são impulsionadas por desafios
do meio ou alguma lesão, se mantendo ativa, em diferentes graus, durante
toda a vida inclusive na velhice.
Doutor Hipnose
A hipnose passou por grandes transformações, desde a sua
popularização por Jean-Martin Charcot e Sigmund Freud, no início do
século XX. Atualmente, a denominada hipnose moderna não atua mais numa
relação de poder entre médico e paciente. No final da década de 1950, o
psiquiatra norte-americano Milton Erickson desenvolveu um
trabalho
em que associava a hipnose às psicoterapias de forma bastante diferente
da utilizada até então. Erickson analisava os sintomas e buscava
desvendar a maneira com que o paciente causava problema a si mesmo.
Paraplégico devido à poliomielite, foi muito bem-sucedido ao longo de
sua carreira e tornou-se conhecido como “Dr. Hipnose”. O psiquiatra
fundou e presidiu a American Society of Clinical Hypnosis e também a
revista
American Journal of Clinical Hypnosis.
Os neurocientistas constataram que o grau de neuroplasticidade
varia conforme a idade do indivíduo. Como exemplo, durante o
desenvolvimento ontogenético, o sistema nervoso é mais plástico. Essa é a
fase da vida do indivíduo onde tudo se constrói e se molda de acordo
com o genoma e as influências do ambiente. Porém, mesmo durante o
desenvolvimento, existe uma fase de maior plasticidade denominada
período crítico, na qual o sistema nervoso é mais suscetível às
transformações provocadas pelo meio ambiente externo. Após o organismo
ultrapassar essa fase e atingir a maturidade, sua capacidade plástica
diminui, se modifica, mas não se extingue. Há várias formas de
neuroplasticidade, como: regeneração, plasticidade axônica, plasticidade
sináptica, plasticidade dendrítica e plasticidade somática.
Para pensar no poder elástico do cérebro e relacionar com a
hipnose moderna empregada pelo Dr. Milton Erickson é necessário
verificar, dentro da própria vida deste, uma similaridade curativa, onde
essa neuroplasticidade desempenhou um papel de reestruturação nele
mesmo, como descrito acima.
Nessa inter-relação sistêmica, entre corpo e ambiente, podemos
estabelecer uma percepção avançada ao ver que Dr. Erickson, por si
mesmo, desenvolveu um tipo especial de concentração mental para qualquer
movimento mínimo, refazendo mentalmente cada movimento repetidas vezes,
de forma a fazer uma nova ligação de aprendizado entre os fatores
pensantes da sua subjetividade e a reação física dos movimentos. A
comprovação dessa prática fora descrita nos artigos médicos acadêmicos
que ele havia escrito. Outras enfermidades também acompanharam a vida de
Erickson, como o daltonismo e a deficiência auditiva, podendo parecer
para qualquer pessoa como problemas ou grandes dificuldades para viver.
Mas Dr. Erickson descreveu e utilizou destas os seus próprios recursos
para desenvolver uma abordagem terapêutica que se tornou reconhecida
pela eficácia e elegância de aplicação, utilização e resultados
imediatos, além da reabilitação neuropsicológica autoapresentada.
Erickson estudou profundamente a hipnose e seus fenômenos durante toda sua vida, demonstrando-a como um fenômeno natural
SABER MAIS
Metáforas: uma loja de presentes
Metáfora vem do grego metaphorá, que significa meta (“além”) mais phorein (“transportar
de um lugar para outro”). A metáfora é mais conhecida como uma figura
de linguagem através da qual descrevemos uma coisa em termos de outra,
como na famosa frase de Shakespeare em Romeu e Julieta: “Julieta é
o sol”. A metáfora está intensamente, embora imperceptível, presente em
tudo, desde a economia e a propaganda até a política e os negócios, na
ciência e na Psicologia, ou seja, vivemos em um mundo repleto de
símbolos e linguagem metafórica.
Uma parte interessante do poder transformador da
metáfora é sua presença nas fábulas, parábolas e histórias infantis de
todo mundo. Dessa forma, ao contar para as crianças uma metáfora,
estamos criando, através de suas próprias representações internas, uma
semente de mudança, onde os recursos admirados dos personagens e heróis,
como coragem, força, determinação, paciência, entre outros, podem
favorecer em muito o processo de a criança lidar com o medo, a timidez, a
frustração e a superação de obstáculos no desenvolvimento infantil.
Assim, podemos dizer que quando contamos uma metáfora para nossos filhos
e eles ficam focados e absorvidos pelo encanto da história, estamos
sendo ótimos hipnotistas.
As brincadeiras, os jogos, os desenhos e várias outras
atividades infantis e de adolescentes funcionam como metáforas que
facilitam o processo de mudança e aprendizagem. Uma verdadeira loja de
presentes para o inconsciente e o processo hipnótico. |
O grau de neuroplasticidade varia conforme a idade do indivíduo.
Durante o desenvolvimento ontogenético, por exemplo, o sistema nervoso é
mais plástico e mais suscetível às transformações do meio ambiente
externo
Presente de grego?
A hipnose ericksoniana pode ser vista como um “cavalo de troia”,
em que é ofertado um presente disfarçado ao sujeito, no qual este, nessa
condição, recebe e se faz elaborar internamente questões e ensaios,
como uma espécie de
trabalho
que nasce de dentro, recuperando neurônios ao gerar a plasticidade
cerebral necessária para a reabilitação funcional. Através da própria
sugestão (auto-hipnose) ou ao induzir pacientes pelo instrumento da
hipnose, podemos criar novas representações subjetivas, novas
ressignificações e novas conexões; dessa forma, manter um ambiente
interno capaz de promover mudanças ou simplesmente ajudar o sujeito a
encontrar recursos internos para auxílio na reabilitação
neuropsicológica.
Uma das formas de aplicação da hipnose elaborada pelo Dr.
Erickson está na maestria da utilização da linguagem analógica, por
comparação, em que as metáforas, alegorias e anedotas faziam um papel
desse “cavalo de troia” mencionado anteriormente, um disfarce
linguístico na condução do transe hipnótico.
Ao observar a forma de trabalho hipnótico do Dr. Erickson,
pode-se perceber a clara intenção de ofertar presentes linguísticos ao
inconsciente do sujeito hipnotizado. Quando Erickson contava a um
paciente sobre o caso de outro paciente, na verdade sua intenção
esperada seria que o próprio paciente fizesse a relação com sua história
de vida. Se o relato tivesse uma solução ou alternativa para um
problema que estava sendo trabalhado, o paciente encontraria relações
com esse fato, se comparando ao mesmo e encontrando na sua própria
história recursos internos para enfrentamento da situação problema.
Para ilustrar tal metodologia, podemos citar Rosen (1982), em
que o Dr. Erickson utilizava uma passagem de sua própria história,
quando criança, com a intenção de estabelecer vínculo com o paciente e
permitir que o mesmo falasse de seu problema, com confiança e
assertividade necessárias. “É... você sabe, bom... vou iniciar nossa
sessão contando um trecho interessante da minha vida... foi assim:
...muita gente estava preocupada comigo porque eu já tinha quatro anos
de idade e ainda não falava e uma irmãzinha minha, dois anos mais nova,
já falava, e continua falando, mas até agora não disse quase nada. E...
muitos ficavam aflitos porque eu era um menino de quatro anos que não
podia falar... Minha mãe dizia confiante: ‘vai falar quando chegar a
hora’” (ROSEN, 1982, p. 67).
Novas abordagens quanto aos dados empíricos permitem delinear uma nova visão do sistema nervoso como um órgão dinâmico
Dessa forma, o paciente poderia elaborar o melhor momento para
falar com confiança. Como Rosen (1982) menciona, nesse exemplo se
destaca a convicção do Dr. Erickson de que se pode confiar que a mente
inconsciente terá as respostas certas no momento oportuno. E, se essa
história fosse contada a um paciente que começa a experimentar o transe
hipnótico, poderia tranquilizá-lo no sentido de que pode aguardar, sem
preocupações, até que apareça o impulso para falar algo relevante, ou
até que possa revelar, de uma maneira não verbal, as suas mensagens
inconscientes.
Ao pensar dessa forma, poderíamos trazer a seguinte questão:
“O que aconteceria se fosse dada uma relação metafórica para um paciente
em reabilitação neuropsicológica de que outra pessoa conseguiu
resultados importantes com determinado pensamento ou atividade?”. Se a
metodologia e ferramentas aplicadas pelo Dr. Erickson estiverem certas, a
reabilitação neuropsicológica estaria sendo auxiliada pela linguagem e
comunicação do psicoterapeuta, favorecendo assim a neuroplasticidade e
provável recuperação de um paciente.
Ao tratarmos de conhecimento científico, é necessário
enfatizarmos que este pode criar paradigmas, conceitos e visões
referentes ao mundo, à maneira como encaramos a nós mesmos, nosso
cérebro e as relações externas que nos cercam. A ciência cria modelos
teóricos com suas visões sobre como operamos no mundo, desenvolvemos
nossa personalidade, construímos nossa subjetividade e o modo como nosso
cérebro se desenvolve e se adapta. Tais modelos teóricos estão em
constantes mudanças e recriações.
É justamente nesse ponto que se concebe que o legado de
Erickson consiste prioritariamente em um presente de grego, na medida em
que convida seus interlocutores às transformações profundas não apenas
em suas formas de abordagem terapêutica, mas também a uma revisão
crítica de todos os momentos e situações onde o conhecimento se
constrói.
O profissional em reabilitação tem de buscar algo que vá ao encontro das necessidades de cada paciente
Através da própria sugestão (auto-hipnose) ou ao induzir
pacientes pelo instrumento da hipnose, podemos criar novas
representações subjetivas, novas ressignificações e novas conexões |
Papel do terapeuta
Em Psicologia, podemos levar esse conhecimento a novos caminhos,
indo além de simples acolhimentos a pacientes com lesões funcionais, mas
podendo influenciar positivamente na reconstrução e reabilitação do
sujeito atendido.
O papel do psicólogo como profissional deve carregar um
arquétipo de curador, em que sua figura traz conforto, aceitação e,
principalmente, a esperança de recuperação. Neste momento, fica a
importância de esse profissional perceber que o ser humano é constituído
pelo princípio do biológico, psicológico e social. Naturalmente,
através da constante pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas, nós,
os psicólogos, podemos agregar mais e ajudar outros profissionais da
área médica na recuperação de pacientes com lesões neuropsicológicas.
Hipnose: uma história
Ao longo da história, pode-se perceber três momentos
distintos no desenvolvimento da hipnose. Primeiramente, a hipnose foi a
forma mais antiga de cura utilizada pelos sacerdotes. Não era usada nos
termos formais, mas utilizavam-se processos e procedimentos hipnóticos,
como os rituais para a cura de dores e doenças. Já em seu segundo
momento, Franz Anton Mesmer (1734- 1815), médico austríaco do século
XVIII, interessado no magnetismo animal que seria responsável pela cura
de dores e doenças e na influência dos corpos celestes, iniciou os seus
estudos. O terceiro momento é conhecido como hipnose moderna,
desenvolvida por Milton Erickson (1901-1980), psiquiatra americano que
expandiu e reformulou a forma de se compreender a hipnose, suas
utilizações e a maneira de trabalhar seus fenômenos. |
Quando consideramos a hipnose como instrumento ou simplesmente
como uma forma de comunicação, abre-se a escolha para todas as linhas
terapêuticas, seja comportamental, humanista, psicanalista ou cognitiva.
Partimos do pressuposto de que, para atuar, o psicólogo precisa se
comunicar e comunicação é redundância, sempre estamos comunicando algo. A
hipnose moderna, termo considerado após Erickson, é uma forma de
comunicação elegante, às vezes formalmente, com os olhos fechados em
profundo estado alterado de consciência ou simplesmente de forma
coloquial, como uma conversa, ao contar uma história ou relatar um fato,
pode trazer dentro desse conto uma semente de mudança em reabilitação. O
poder elástico do cérebro, sua plasticidade e outras possibilidades
através da hipnose moderna trazem um novo caminho para o psicólogo e
outros profissionais da saúde, com resultados comprovados e eficazes.
Ignorar esse conhecimento pode significar ignorar as próprias condições
do ser humano e do profissional psicólogo, onde a curiosidade por novas
descobertas trará novos resultados no futuro.
As metáforas, alegorias e anedotas têm um papel importante e
servem como um disfarce linguístico na condução do transe hipnótico,
permitindo o estabelecimento de um vínculo com o paciente |
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. V., SANTOS, F. H., BUENO, F. A. O. Neuropsicologia hoje. São Paulo: Editora Artes Médicas, 2004.
BAUER, S. Manual de Hipnoterapia Ericksoniana, 1ª ed., Belo Horizonte: Editora Wak, 2010.
HAASE, V. G., LACERDA, S. S. Neuroplasticidade, variação interindividual e recuperação funcional em Neuropsicologia - temas em Psicologia da SBP, Belo Horizonte, v. 12, no 1, 28-42, 2004.
MELLO, C. B., MIRANDA, M.C. MUSKAT, M. Neuropsicologia do desenvolvimento - conceitos e abordagens. São Paulo: Editora Memnon, 2005.
NEUBERN, M. S. Milton H. Erickson e o cavalo de troia: a terapia não convencional no cenário da crise dos paradigmas em Psicologia Clínica. Porto Alegre: Psicol. Reflex. Crit., v. 15, no 2, 2002.
ROSEN, S. Minha voz irá contigo, 2ª ed., Campinas, SP: Editora Psy, 1982.
Alexandre Bortoletto é psicólogo e instrutor da SBPNL –
Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística. Atua como
psicoterapeuta, hipnoterapeuta e professor de cursos na área de
desenvolvimento de competências. Contato: www.alexandrebortoletto.com / email: contact@alexandrebortoletto.com
FONTE: http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/83/artigo272975-1.asp